quarta-feira, 28 de julho de 2010

Monstro


- Mãe, por que eu não posso ir? Estou com saudade do papai também – Reneesme veio reclamar novamente enquanto eu pegava as chaves do carro.


- Querida, seu pai e eu vamos sair hoje, matar a saudade – pisquei pra ela, mas o bico não diminuiu. – logo estaremos de volta. Fique com a sua tia. – Ela relaxou.

- Cuidado. Te amo.

- Também te amo querida. – beijei sua testa.

- Alice , cuide bem de minha filha. Até mais.

- Pode deixar Bella, não se preocupe. Se divirta. – Ela me assegurou.

Desci as escadas do hotel rápido demais, estava ansiosa para ver Edward. Faziam dois dias desde que Alice, Reneesme e eu chegamos a Los Angeles, elas cismaram que queriam ver os atores, e vimos alguns, elas pareciam humanos olhando vampiros.

Edward viria hoje para passear um pouco, Emmett e Rosalie estavam novamente em lua de mel, e Jasper estava em casa esperando Alice que voltaria amanhã. Edward, Reneesme e eu ficaríamos por aqui mais um pouco, faríamos uma viagem em família.

Programei uma noite especial, apenas Edward e eu. Eu apareceria de surpresa no aeroporto e depois o levaria a...

- SOCOOOOOOOOORRO – Gritos aterrorizantes vieram de um beco a minha frente. Era uma mulher.

Não para Bella, não para. Continua andando, acelera! As ordens que dava a mim mesma eram inúteis, meus pés involuntariamente pisaram no freio.

Desci do carro, com a chave na mão e caminhei até onde vinha os gritos. Estava escuro, apenas a rua iluminava o pequeno beco sujo a minha frente, mas isso não me impediu de ver.

Haviam cinco homens e uma garota, eles estavam batendo nela a torturando, fazendo coisas horríveis, de repente a história de Rosalie veio em minha mente. Um dos homens, o mais baixo e careca percebeu minha presença e alertou os outros que se distraíram comigo deixando uma brecha para a pobre mulher que correu, antes que ela chegasse até mim o mais alto e forte a pegou por trás e enfiou uma faca em seu peito. Rapidamente prendi a respiração.

- Me ajuda – ela sussurrou fracamente pra mim enquanto caia em meus pés.Transformei a chave em pó.

Pude ver seus olhos, eram de um mel lindo, ela não devia ter mais que 20 anos; não acreditava em que meus olhos viam. Meu corpo imóvel começou a tremer, eu estava com raiva. Eles eram uns monstros, eles não tinham o direito de fazer isso. Eles não podiam viver.

Desvie dos olhos da menina morta e olhei para os monstros. Eles sorriram.

- Não se assuste, era apenas uma vagabunda – o assassino disse, fazendo os outros rirem. Isso bastou.

Curvei-me pronta para atacar olhando cada face, os olhos deles se estreitaram.E o que estava a direito do ‘’líder’’ riu maliciosamente.

- Você é linda e muito gostosa.

Antes que ele pudesse se mexer arranquei sua cabeça fora. Todos os outros correram, isso me excitou mais.

Matei um a um de uma forma rápida, eles tiveram sorte, minha vontade na verdade era de torturá-los até a morte. “Sobrou apenas o baixo careca, e o ‘‘líder”. Matei o assassino primeiro, esse eu queria que sentisse dor, quebrei seus braços puxando pra trás, os gritos ensurdecedores me deixavam mais feliz, enfiei minha mão em seu peito o matando. O baixo careca estava em um canto, rezando, percebi que ele segurava um crucifixo em sua mão esquerda. Isso me fez parar. E a realidade voltar .O que eu estava fazendo ali? O que eu fiz?

Comecei a ficar desesperada, eu tinha matado aqueles homens.

- Afaste- se – ele começou a dizer nomes horríveis em minha direção, que de repente eu me encaixava neles, um demônio, um monstro. O matei.

- Bella ? – a voz assustada e perfeita de Edward veio de trás de mim.

Não consegui me virar, não conseguia me mexer.

- Bella, calma – ele disse devagar. E percebi que ele estava se aproximando.

- Pare! Vá embora!Deixe-me em PAZ – gritei.

Ele continuou andando. Virei-me. Porém sem olhar em seus olhos. Parti.

Corri pelas ruas escuras de LA sem saber para onde ir, entrei numa mata fechada e corri o mais rápido que meus pés podiam.

Cheguei a uma nascente e parei. Comecei a me molhar, eu precisa tirar aquilo de mim, o sangue, a culpa.

Eu era uma assassina, um monstro! Eu era repugnante, nojenta, uma ameaça a sociedade. Eu merecia algo pior que o inferno, não podia ser punida disso, eu não era mais a Bella, eu era uma vampira.

Imaginei os olhos angustiados de Edward e isso fez com que eu sentisse uma estaca em meu peito, eu o decepcionei, decepcionei a todos. Reneesme me odiaria, Edward não me veria mais do mesmo jeito. Eu arruinei a minha vida.

Eu era uma idiota, eu nunca vi aquela garota e me senti na obrigação de vingá-la.

Você é mãe Bella uma voz no fundo de minha mente me lembrou. Mas meu instinto materno não justificava.

Gritava enquanto derrubava as árvores tentando descontar a minha raiva, mas não adiantava, cada segundo que passava eu desejava menos viver.

Cai sentada em uma pedra, chorando sem lágrimas, e pela primeira vez desde que me tornara imortal não senti meu coração, agora eu não passava de uma pedra, dura, fria, um monstro sem alma.

Fiquei sentada durante toda a madrugada. Quando os primeiros feixes de Sol apareceram no céu, iluminando a pequena nascente e fazendo com que a minha pele brilhasse fez com que eu visse os pequenos tuchos de cabelo em minhas mãos e pequenos arranhões em minhas pernas, cujo eu me enrolara com uma bola. Eu me torturara a noite inteira.

Senti um cheiro diferente se aproximando, um cheiro que eu reconheceria em qualquer lugar. Logo fiquei de pé, iria fugir.

Fique, acabe com isso, você terá que vê-lo mais cedo ou mais tarde era verdade, eu teria que enfrentar sem olhos decepcionados e implorar por perdão. Eu faria isso, eu faria qualquer coisa pra me redimir. Senti algo se mexer atrás de mim.

- Bella? Sou eu Edward, você não precisa correr. – a voz dele era de suplica.

É claro que eu sabia que era ele. Perfeito. Ele achava que eu estava louca, louca o suficiente para esquecê-lo.

Virei devagar e olhei em seus olhos. Eram angustiados, suplicantes. Quando ele viu os meus os dele se tornaram horrorizados, me causando mais dor. Antes que pudesse cair no chão, seus braços macios estavam me envolvendo em um abraço de ferro.

-Ah Edward... Me desculpe.. Eu não... Eles – comecei a soluçar em seu peito.

- SHHH. Tudo bem Bella, passou, estou aqui. Calma. Eu intendo. – ele tentou me tranqüilizar. Sem sucesso.

- Edward eu não sei o que me deu... Eles .

- Bella. – ele segurou meu rosto com as mãos. – Estou aqui com você agora, não precisa sofrer... Desse jeito – ele olhou-me de cima a baixo – Você não tem culpa meu amor.

- EDWARD! – gritei seu nome e rapidamente liberei minha mente fazendo com que ele me ouvisse. Mostrei como eu cheguei lá e o que eu senti quando vi aquela menina em meus pés. Parei ai. Não queria que ele visse o monstro que eu era. – Foi mais forte que eu, eu juro.Eu não queria. Me perdoa.

Eles estava paralisado. Eu sabia que o que tinha feito não tinha perdão, ele não me perdoaria.

- Eu não tenho o do que de perdoar. Meu amor, você não fez nada que eu não faria – ele admitiu.

- Edward, não, eu matei! EU SOU UM MONSTRO! Você não me merece! Como pode dizer isso? EU SOU UMA ASSASSINA! Eu matei aqueles caras! Eu te decepcionei! Eu não mereço seu amor, nem o de ninguém! – Eu me afastei dele gritando.

- Bella, não diga isso NUNCA! Você apenas agiu como você é! Você é uma vampira Bella!E por pior que seja você foi criada pra isso! Todos nós já passamos por isso, você não é pior que nós por isso nem por nada!- antes que eu pudesse contestar seus dedos estavam em meus lábios. – Eu te amo.

- Eu não agi como eu sou, eu não agi como a Bella que eu era! – ele estava errado.

- Você sempre foi e será a minha Bella, a mesma Bella! Escute! Você não tem culpa! Não podia evitar!Você tem que entender, que isso não tem a ver com você Bella, e sim com a vampira Bella! – Fui me acalmando em seus braços.

- Carlisle irá ficar tão triste comigo, Reneesme me odiará! – comecei a soluçar novamente em seu peito.

- Carlisle entenderá Bella, ele entendeu todos nós!E olha que eu já fiz coisas piores do que matar cinco maníacos. Reneesme irá entender também, Bella ela te ama mais do que qualquer outra coisa no mundo, não importa o que você faça Reneesme e eu continuaremos te amando e precisando de você, como um só. Somos como uma pirâmide se uma base treme, todos tremem, não vamos te odiar. NUNCA!

- Por que você faz isso? – Perguntei pra ele incrédula.

- Porque eu preciso de você e eu faria qualquer coisa pra não te ver assim – ele apontou para o meu corpo. Agora vamos minha vida? – Ele beijou meus lábios e então todos os meus medos desapareceram.

Evelyn Reis.
 
@EveelynReis e/ou @Robkillsme

terça-feira, 27 de julho de 2010

Futuro incerto.

O sininho tocou assim que passei pela porta da pequena lanchonete, pude sentir os olhares em mim, e sabia que não era apenas pelo barulho e sim por quem eu parecia ser, desde que me tornara imortal os olhares humanos são todos iguais. O óculos escuro impedia que eles vissem a minha verdadeira face. Um monstro.


O cheiro irresistível de sangue se misturava com o de café e de gordura que estava no ar, mas não o deixando menos desejável.

Sentei o mais longe possível, tinha apenas o cozinheiro, a balconista, a garçonete e um senhor do lado oposto ao meu, onde o Sol refletia, cujo eu me escondia agora.A garçonete de cabelos cacheados e pele morena aproximou-se insegura de mim, seu sangue subiu as bochechas me estigando, talvez eu esperasse ela sair do trabalho, ela parecia saborosa.

- O que o senhor deseja? – ela perguntou timidamente.

- Um copo d’água. – Sorri .

Ela saiu tropeçando e veio rapidamente com o copo.

- Obrigada – agradeci.

- Se o senhor quiser mais alguma coisa é só chamar.

Eu queria algo que corria pelas suas veias, que a dava vida. Eu queria o sangue dela.Isso era um fardo que teria de carregar pelo resto da eternidade, matar pra sobreviver.Eu era covarde demais pra acabar com isso, o inferno deveria ser pior.

Um cheiro estranho passou pela porta quando ela se abriu, eu sabia exatamente o que era e logo me apontei em defesa, disfarçando. Porém, quando olhei para o seu rosto angelical e os seus estranhos olhos dourados, senti algo diferente, um sentimento que não conheci em meus anos com Maria, me trouxe paz. Então ela me viu, e sorriu abertamente pra mim, como se me conhecesse a tempos, ela se aproximou delicadamente e sentou-se na minha frente, sem tirar seu sorriso.Estava imóvel, pois sabia que ela não iria atacar, porém não sabia o que se passava em sua mente. Ela não me conhecia eu poderia matá-la.Abaixei o óculos para avisá-la.

- Você me fez esperar tempo demais – A sua voz soou como canção em meu ouvindo, fazendo, então, eu me apaixonar.

Meu futuro incerto de repente se tornou certo e...

Pela primeira vez na minha vida e não-vida eu senti o amor.

Evelyn Reis